Iran analisa discurso do Governador na Alese e aponta contradições e omissões

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"É preciso entender como, em apenas um ano, conseguimos transitar do pessimismo da falência para o otimismo das grandes transformações", afirmou Iran

Em seu primeiro discurso no grande expediente da Assembleia Legislativa (Alese), na terça-feira, 4, o deputado Iran Barbosa, do PT, analisou a mensagem do governador Belivaldo Chagas, PSD, lida na sessão de abertura dos trabalhos legislativos de 2020, na segunda-feira, 3. Para Iran, o discurso expressa contradições que exigem maiores elucidações e omissões que não ajudam a enfrentar os problemas que afetam mais diretamente o povo.

“Em 2019, aqui nesta Casa, anunciou-se a falência do Estado. Agora, o anúncio otimista prevalece. Isso é estimulador! Porém, é preciso entender como, em apenas um ano, conseguimos transitar do pessimismo da falência para o otimismo das grandes transformações. É preciso aprofundar as análises. O governo precisa expor os elementos da conjuntura estadual que permitem essa mudança radical em tão curto espaço de tempo. Caso contrário, tanto o discurso de 2019 como o discurso deste ano, correm o risco de serem entendidos como simples conjecturas governamentais. Quais são os dados e os elementos da conjuntura socioeconômica sergipana que sustentam essa variação da narrativa oficial? Esse é o questionamento que não foi devidamente explicado”, afirmou o parlamentar ao iniciar o seu discurso.

O parlamentar questionou se o anúncio do caos, em 2019, foi apenas para justificar o conjunto de políticas nocivas ao funcionalismo público, que foram colocadas em prática no decorrer do ano.

“O que fez Sergipe sair da crise e trocar o pessimismo por otimismo em tão pouco tempo? Será que o discurso de 2019 era somente para preparar o cenário para as maldades que foram feitas com os servidores públicos? Aprovadas as grandes maldades, o cenário apresentado modifica-se magicamente e temos anúncios de grandes obras e investimentos? É isso?”, questionou Iran.

Políticas públicas ficaram de fora

Apesar de o governador anunciar obras, programas, uma ‘era de grandes transformações’, Iran Barbosa chamou a atenção para uma grave omissão: a falta do anúncio em relação ao tratamento que será dado às políticas públicas que atendem diretamente à população.

“Percebi a ausência de afirmações de elementos importantes para as grandes transformações que precisam acontecer em Sergipe. Não vi uma palavra voltada às transformações para a educação, saúde, assistência social. Não houve nenhuma manifestação anunciando qual será a política adotada para aqueles que executam as políticas públicas e que atendem à população, que são os servidores públicos”, observou Iran, apontando estas como grandes falhas e omissões do discurso oficial.

Discurso contraditório

Outra observação feita por Iran diz respeito à contradição presente na fala do Chefe do Poder Executivo no que concerne ao papel do Ministério das Minas e Energia.

“Em 2019, o discurso do governador abordou e enfatizou as consequências negativas do fechamento da Fafen para a realidade sergipana, sinalizando, inclusive, para a necessidade de o governo federal mudar essa perspectiva. Ontem, o governador enfatizou que aquela situação, agregada ao esvaziamento da Petrobras no Estado, não ajuda a realidade sergipana, mas, contraditoriamente, ao mesmo tempo, disse que o ‘ministro das Minas e Energia do governo federal é um aliado de Sergipe’. Ora, se a política de Minas e Energia do governo federal desestrutura a economia sergipana, como o ministro do setor pode ser considerado nosso aliado?”, indagou o parlamentar, lembrando que seu mandato está questionando judicialmente essas medidas prejudiciais aos interesses sergipanos e regionais.

“Gostaria de compreender essa contradição, pois o mesmo governador que cobra uma política diferente para a Fafen e para a Petrobrás, por exemplo, é o mesmo que diz que o ministro de Minas e Energia é aliado de Sergipe. Ele precisa elucidar o significado desse trecho do seu discurso”, enfatizou.

“Para além de compreender a realidade, devemos canalizar esforços para que tudo melhore. O discurso do governador traz uma carga otimista, mas otimismo só se concretiza com políticas efetivas” , entende.

De acordo com Iran, o discurso pessimista do ano passado, de fato, não se concretizou.

“A receita corrente líquida cresceu 9,25%, ano passado; a despesa de pessoal, de 2018 para 2019, cresceu 7,69%”, informou Iran, cobrando que o Executivo explique para onde estão indo os recursos direcionados a esse crescimento da folha de pessoal, visto que não há reajuste para os servidores e o governo afirma que está diminuindo as despesas com Pessoal contratado.