Atlas da Violência 2019 será debatido em Audiência Pública na Alese

0
631
Foto: Fernando Frazão/Arquivo/Agência Brasil

Nessa sexta-feira, 27, a partir das 9 horas, a Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), por iniciativa do deputado Iran Barbosa, do PT, debaterá o Atlas da Violência 2019, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em julho deste ano. O estudo permite um maior nível de análise dos dados e de recorte das informações, como o perfil das vítimas e o tipo de local do crime, e uma série histórica mais longa para diversos indicadores. Para apresentar o Atlas e os seus resultados, com destaque para os dados de Sergipe, foi convidado o doutor em Economia pela PUC/Rio, Daniel Ricardo de Castro Cerqueira, pesquisador do Ipea e um dos coordenadores da pesquisa.

“O nosso objetivo ao fazer a exposição dessa pesquisa na Alese é apresentar um diagnóstico da violência no Brasil e em Sergipe, particularmente, nos últimos anos; e vamos debater sobre o que de fato tem acontecido em relação aos homicídios; sobre quais as tendências para o futuro em relação ao tema da violência; sobre as oportunidades que se abrem para que políticas públicas venham a contribuir para a diminuição dos índices de violência; e sobre quais as boas experiências existentes e quais as que não devemos praticar na área de segurança pública. Precisamos apontar quais os caminhos efetivos para que a sociedade brasileira e, em particular, a sergipana, consiga trilhar uma trajetória em direção à luz no final do túnel para superarmos a barbárie que são a criminalidade e a violência em nosso país”, explicou Daniel Cerqueira.

Os dados do Atlas da Violência 2019 referem-se ao período de 2007 a 2017, considerando as informações mais recentes tabuladas pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), e os pesquisadores analisaram inúmeros indicadores para melhor compreender o processo de acentuada violência no país. Um dos números que mais chamam a atenção na pesquisa é o da taxa de homicídio de mulheres, que cresceu acima da média nacional em 2017. O estudo revela que, enquanto a taxa geral de homicídios no país aumentou 4,2% na comparação 2017-2016, a taxa que conta apenas as mortes de mulheres cresceu 5,4%, sendo que a taxa de homicídios de mulheres negras (29,9%) é maior e cresceu mais que a das mulheres não negras (1,6%), entre 2007 e 2017.

“Essa Audiência Pública tem por objetivo justamente dar visibilidade a esses números e nos ajudar a analisar melhor a realidade da violência em Sergipe e no Brasil que tem crescido assustadoramente. Importante entender também as análises sobre os recortes de gênero, raça, orientação sexual, idade, classe social e outros, que certamente apontarão para outra dura realidade: a violência em nosso país tem cor, idade e perfil social, atingindo mais fortemente negros, jovens, moradores das periferias, as mulheres e LGBTIs”, destacou Iran Barbosa.

“Neste sentido, a vinda do Daniel Cerqueira, que é um pesquisador bastante conhecido e respeitado na área das pesquisas sobre violência e criminalidade, vai nos trazer uma luz sobre esses dados e nos ajudar a ter um maior entendimento sobre a nossa realidade e sobre os fatores que têm levado ao aumento da violência em todos os níveis. Será uma excelente oportunidade para discutir os dados do Atlas com um especialista, e isso poderá nos municiar de elementos para buscarmos, junto aos gestores, alternativas de políticas públicas para enfrentarmos as causas dessa violência em nossa sociedade”, entende o parlamentar.

Sobre o palestrante

Daniel Ricardo de Castro Cerqueira é doutor em Economia pela PUC-Rio, mestre em Economia pela EPGE/FGV e bacharel em Economia pela Universidade Santa Úrsula. É professor dos programas de MBA da FGV (1995-atual). Desde 1995, é técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea, sendo diretor de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e da Democracia do Ipea, entre 2012 e 2015. Desde 1999, estuda Economia do Crime e Segurança Pública, tendo vários artigos publicados. É membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e foi research fellow do Crime Working Group do National Bureau of Economic Research (NBER) (2012-2013). Em 2004, recebeu o prêmio Jorge Oscar de Mello Flores para o melhor artigo publicado na Revista de Administração Pública, da FGV. A sua tese de doutorado Causas e Consequências do Crime no Brasil recebeu os dois mais importantes prêmios acadêmicos na área de economia no Brasil: o prêmio Haralambos Simeonidis, da Associação Nacional de Pós-Graduação em Economia (Anpec), e o prêmio BNDES de Economia.