O deputado estadual e professor Iran Barbosa, PT, participou, na manhã desta segunda-feira, 13, da abertura da terceira edição do Atheneu ONU, realizado no Centro de Excelência Atheneu Sergipense. Idealizado pelo professor de Sociologia Yuri Norberto e abraçado pela equipe diretiva da escola, o Atheneu ONU busca reproduzir entre os estudantes dos terceiros anos o funcionamento de uma Assembleia das Nações Unidas, tratando dos mais variados e complexos temas de interesse global, e a experiência já se consolidou como a maior desse tipo realizada no Brasil.
O evento contou com a participação dos estudantes Alex Felipe e Lenice Ramos de Oliveira, secretário-geral e secretária-geral Administrativa do Atheneu ONU; do diretor do Atheneu Sergipense, professor Daniel Lemos; de representantes dos poderes legislativos federal, estadual e de Aracaju; do Poder Judiciário de Sergipe; da Secretaria de Estado da Educação; e da Secretaria Municipal de Educação da Capital.
Para Iran Barbosa, que participou das duas edições anteriores, o Atheneu ONU é a prova concreta de que a escola é o espaço ideal para a construção dos valores democráticos e para o pleno exercício da cidadania, não cabendo qualquer tentativa de cercear o debate político e de ideias dentro dela.
“Sempre fui contra essa história de que escola não pode se envolver nos debates da política. Os que defendem a lei da mordaça para professores e estudantes dentro das escolas é porque não querem que os filhos e filhas dos trabalhadores, especialmente os mais pobres, possam aprender a exercitar exatamente isso que vocês fazem aqui hoje, fazendo da escola um espaço de formação para o pleno exercício da cidadania”, disse o parlamentar, ao criticar a proposta de Escola Sem Partido, defendido por ideólogos da direita.
Para o petista, o projeto ajuda numa melhor compreensão do papel da ONU como organismo criado para buscar a paz entre as nações; no entanto, essa mesma paz é ameaçada, muitas vezes, pela própria violência cotidiana.
“A paz que a ONU busca, e que acaba sendo uma utopia, é ameaçada toda vez que um jovem negro é morto numa periferia, muitas vezes pelo próprio aparato repressor do Estado; essa paz é ameaçada toda vez que uma pessoa LGBTQIA+ é barbaramente assassinada; essa paz é ameaçada todas as vezes que uma mulher é violentada ou assassinada, ou quando às mulheres são negadas oportunidades; essa paz está ameaçada quando a fome no país aumenta. E esta escola, como todas as escolas, tem uma tarefa fundamental: refletir sobre qual é a verdadeira paz que nós queremos e como podemos, de fato, ajudar a melhorar o mundo”, apontou.
“Mas essa atividade que vocês realizam aqui é algo fantástico. Estou muito feliz por estar aqui, porque há momentos em que precisamos estar em espaços como esse, que alimentam a esperança, e onde há juventude presente e atuando. Este é o lugar em que quero estar. Vocês são símbolo de esperança para aqueles que querem transformar o mundo num lugar melhor para todos”, enfatizou o petista.
Resgate do projeto
Em seu discurso de abertura, o secretário-geral do Atheneu ONU Alex Felipe fez um resgate do projeto, que foi iniciado em 2019, destacando que o que foi inciado como uma pequena experiência de sala de aula acabou tornando-se a maior simulação de Assembleia das Nações Unidas no Brasil. Também relatou a sua experiência pessoal dentro do projeto.
“Foram experiências únicas. Desde que eu entrei no Atheneu, ouvia muito a palavra protagonismo, mas só fui entender muito bem o significado disso depois que passei por experiências que eu nunca imaginei, porque protagonismo é você ocupar todo e qualquer espaço e conquistá-lo quando ele lhe é negado. Mas o protagonismo juvenil também é tomar decisões difíceis, é ser responsável por aquilo que você faz e fala, é ser cobrado quando algo dá errado e parabenizado quando dá certo”, explicou.
“Hoje, jovens alunos vão discutir os maiores problemas do mundo, mas a realidade é que quando sairmos do Atheneu, vamos ter que lutar contra problemas que nós não criamos, mas o mundo vai exigir solução, e existem várias maneiras de fazer isso. Como disse Paulo Freire, a educação muda as pessoas, e as pessoas transformam o mundo. E quando jovens exercem seu protagonismo, é possível realizar eventos como este. Quando professores e escolas apoiam essas iniciativas é possível mudar as pessoas que vão transformar o mundo, portanto, o que peço a todos que estão aqui é que se comprometam em apoiar mais iniciativas como esta e mais jovens e professores como os que aqui estão”, pediu o estudante.
Ainda durante o evento, teve destaque o lançamento oficial do programa ‘Absorvente é Direito’, de combate a pobreza menstrual, idealizado pela estudante e secretária-geral Administrativa do Atheneu ONU, Lenice Ramos, que conseguiu arrecadar, até o momento, cerca de 160 mil absorventes, que serão distribuídos em 17 escolas da rede pública do Estado de Sergipe, e cuja distribuição simbólica do material foi feita ainda no evento aos representantes das escolas contempladas.