
O vereador Iran Barbosa, do PSOL, destacou, na tribuna da Câmara Municipal de Aracaju, na manhã desta quarta-feira, 27, a reunião que ocorreu na sede do Sindicato dos Médicos de Sergipe (Sindimed) para discutir estratégias de enfrentamento à violência crescente que ameaça a classe médica e demais trabalhadores da área da saúde.
O encontro, de iniciativa do Sindimed, reuniu representantes do Conselho Regional de Medicina (CRM), do Conselho Federal de Medicina (CFM), do Ministério Público Estadual (MPE), dos Conselhos de Saúde, gestores do Executivo estadual e municipal, além de parlamentares.
Presente à reunião, Iran Barbosa reputou como alarmantes os dados levantados pelo CFM, que apontam o crescimento da violência que atinge os médicos no exercício da sua profissão. Na última década, de acordo com CFM, houve um aumento de 68% no número de casos. São ameaças, desacatos e até lesões corporais infringidas por pacientes, familiares e terceiros.
“Isso representa doze agressões por dia ou um caso a cada duas horas. Muitas vezes, essa violência se dá pelo nível de frustração e de pressão que a população sente pela falta de atendimento das suas demandas na área da saúde, e que não tem a ver com o profissional médico ou outros profissionais da saúde. Isso implica cobrarmos melhorias para garantir condições efetivas de atendimento nos postos, nas unidades básicas, em todos os espaços em que esses profissionais atuam. E o Sindicato dos Médicos nos chama à reflexão para adotarmos medidas que busquem mitigar e resolver esse problema da violência contra os profissionais da saúde”, apontou.
Diante desse quadro, outro dado apontado pelo CFM que chama a atenção é que, no Brasil, quase 40% dos médicos enfrentam doenças mentais, entre jovens médicos (25-35 anos), a taxa salta para quase 50%, e 3,6% dos médicos já precisaram de internação para tratamento.
Para o vereador Iran Barbosa, esse quadro de violência que atinge os médicos e outros profissionais da saúde acaba sendo um reflexo da própria violência vivenciada na sociedade, que tem piorado muito nos últimos anos, no seu entendimento, pelo crescente estímulo por parte de certos grupos e de personalidades do establishment brasileiro.
“Vemos, a todo instante, nas redes sociais e nos meios de comunicação, manifestações que terminam trazendo consigo estímulos a práticas de violência, inclusive de personalidades que dizem representar o povo brasileiro e deveriam ter uma outra visão sobre as relações humanas”, pontuou, ressaltando que essa mesma violência também tem atingido outros profissionais, como os professores e assistentes sociais, que lidam diretamente no atendimento à população.
“Coloquei o meu mandato à disposição dessa luta e pontuei a necessidade de ampliação, no orçamento da cidade, de investimentos públicos para tratar desse problema, assim como apontei que as secretarias de Comunicação dos governos estadual e municipal devem também tratar dessa questão, que parem de fazer apenas propagandas de governo e atendam à comunicação social para ajudar no combate a essa violência”, sugeriu o parlamentar.