Na condição de membro da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), quero lamentar e repudiar a ação desmedida e inaceitável praticada por alguns policiais militares contra jovens que participavam de atividades culturais no espaço da praça que se localiza sob a Ponte Aracaju-Barra, no Bairro Industrial, na noite do último sábado, 30/10.
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra policiais militares encerrando a atividade cultural, acuando e ameaçando jovens, a maioria negros, quando, em determinado momento, um rapaz é jogado ao chão de forma violenta e uma outra pessoa, ao tentar ajudá-lo, recebe um chute na barriga e, na sequência, de forma covarde, uma cotovelada brutal no rosto. E este foi apenas um dos registros capturados.
Segundo informações relatadas por pessoas ligadas aos movimentos Negro e de Juventude das periferias, ações semelhantes por parte da polícia têm sido registradas em bairros como o Santa Maria e América, entre outros bairros da periferia de Aracaju.
Não há nada que justifique tamanhas agressões contra jovens que apenas buscavam cultura e lazer numa parte da nossa cidade onde chega pouca ou quase nenhuma opção de lazer e entretenimento.
Onde o Estado chega com violência em lugar de políticas públicas para a juventude, algo está muito errado e precisa ser repensado.
Temos que denunciar, repudiar e exigir a responsabilização daqueles que praticam esse tipo de ação contra o povo e, especialmente, contra uma juventude que já sofre tantas violências no seu cotidiano, que vão desde a falta de perspectivas de emprego e de futuro à negação de direitos básicos como o acesso à cultura, ao esporte, à arte e ao lazer.
Neste sentido, quero solicitar do comando da Polícia Militar de Sergipe e da Secretaria de Segurança Pública a apuração isenta sobre os fatos ocorridos no Bairro Industrial, na noite do último sábado (30), e as necessárias medidas para que ações como essas não venham a acontecer novamente em nenhum bairro de Aracaju ou qualquer outra localidade de Sergipe.
Não podemos permitir que haja dois Estados: um que serve à população dos bairros centrais ou tidos como “nobres” com políticas públicas e polícia cidadã; e outro Estado que, nas periferias das cidades, trata a população e a juventude com negação de direitos e com truculência policial.
Deputado Estadual Iran Barbosa
Membro da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Alese