Iran critica projeto que desprofissionaliza a limpeza das escolas

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Iran expôs na Alese o conteúdo do ofício enviado a todas as escolas da DRE-01

O deputado e professor Iran Barbosa (PT) criticou, em discurso na tribuna da Assembleia Legislativa, nesta quinta-feira, 12, o ofício circular enviado pelo diretor da Diretoria Regional de Ensino 01 (DRE-01), Franz Russemberg da Silva Santos, aos diretores das unidades de ensino daquela circunscrição, convocando professores, estudantes e equipes de apoio escolar para aplicarem o “Projeto Escola Limpa”, no próximo sábado (14). A DRE-01 engloba as escolas vinculadas à Secretaria de Estado da Educação nos municípios de Arauá, Cristinápolis, Estância, Indiaroba, Itabaianinha, Pedrinhas, Santa Luzia do Itanhy, Tomar do Geru e Umbaúba.

Para Iran, o conteúdo do ofício evidencia uma concepção deformada de limpeza de escolas, pois trata essa atividade, que deve ser uma prática cotidiana, corriqueira e integrada à vida escolar como algo meramente pontual, que ocorre em momentos episódicos, normalmente promovidos em forma de mutirão e que, neste caso, está sendo chamado de “Dia D”. Além disso, o parlamentar chama a atenção para o fato de a iniciativa ser uma ordem imposta pelo diretor da DRE-01, não sendo fruto de discussão com a comunidade escolar.

“Estou protocolando um Requerimento com pedido de informações, ao diretor da DRE-01, para que ele explique como se deu a elaboração desse projeto, quem participou de sua construção, qual o seu conteúdo, seus objetivos e como será a sua execução, porque se trata de uma ação convocada pela Diretoria Regional, envolvendo os professores, funcionários e alunos para efetivarem a limpeza das escolas, que deverão ser lavadas, incluindo vidros, janelas, carteiras, cozinha, ventiladores, geladeiras etc., e impõe coordenadas para a aplicação do referido projeto”, relatou o parlamentar.

As coordenadas elencadas no Ofício 58/2019/DRE01/SEDUC/SE, citou o petista, incluem a convocação de professores, alunos e profissionais do quadro de apoio escolar para participarem; a enumeração, após serem limpas, de todas as carteiras; o registro em fotos de todas as atividades do dia; além de citar que os alunos convocados devem ser, prioritariamente, da zona urbana.

“Nosso mandato entrou em contato com colegas professores que dão aulas nessa DRE e muitos sequer conheciam o projeto; outros foram informados e já se insurgiram contra ele, porque ele mostra que a limpeza das escolas não é encarada, pelo Estado, como uma atividade de caráter profissional. Convocam-se professores, funcionários e alunos para fazerem esse serviço e mascaram uma dura realidade, que é cotidiana nas nossas escolas: a falta de trabalhadores para realizarem as tarefas necessárias ao seu bom funcionamento”, afirmou Iran.

Para o parlamentar e professor, uma coisa é a escola desenvolver um projeto pedagógico que envolva todos que a integram, com o intuito de criar consciência sobre a importância de manter a limpeza permanente do ambiente escolar; outra coisa bem diferente, é uma decisão arbitrária impondo a todos um “Dia D” para a limpeza da escola.

“E nos outros dias, como fica a limpeza? E esse Dia D de limpeza será dia letivo? Ele está dentro do projeto pedagógico da escola? Vai contar como aula ministrada? O professor pode ser convocado para cumprir uma tarefa estranha às suas funções e fora do seu horário de trabalho?”, questionou.

Iran lembrou, ainda, que a categoria do magistério estadual está sem receber os reajustes anuais do piso salarial profissional, os servidores públicos, de uma maneira geral, amargam sete anos sem reajuste salarial, e o Estado não realiza concurso para os profissionais responsáveis pelo funcionamento das escolas.

“E aí, a despeito disso tudo, organizam um dia de limpeza nas escolas. Não podemos aceitar isso passivamente. A valorização profissional, tanto dos professores quanto dos demais trabalhadores da educação, passa por outras iniciativas que este governo tem negado. E a escola higienizada e limpa não passa por um Dia D de limpeza, mas por uma concepção de escola como espaço educativo, de formação cidadã e que precisa ser limpa todos os dias, diversas vezes, por ser um espaço de circulação permanente de muitas pessoas. Não é com projetos como esse que iremos resolver o problema”, enfatizou Iran Barbosa.