Centenário do jornalista João Oliva será celebrado na Alese

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Jornalista João Oliva, em registro da família

Se vivo estivesse, o jornalista, radialista, escritor e acadêmico João Oliva Alves completaria, no próximo dia 29 de dezembro, 100 anos, e para celebrar o centenário do sergipano de Riachão do Dantas a Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe (Alese) realizará Sessão Especial, na próxima terça-feira, 20, às 16 horas, com a concessão (in memoriam) da Medalha da Ordem do Mérito Parlamentar a João Oliva. A iniciativa foi do deputado estadual Iran Barbosa, do Psol, a partir de uma conversa com o filho do jornalista, o advogado e professor Luiz Eduardo Oliva.

“Será uma celebração mais que especial para render homenagens a João de Riachão, como era conhecido o ilustre jornalista, que deixou importantes contribuições não só na área do jornalismo sergipano, como repórter e redator, em jornais do interior e da nossa capital, e na revista católica A Cruzada; mas também no rádio e como escritor, através das suas crônicas, ensaios e artigos. Sinto-me imensamente honrado em ter sido o proponente da realização dessa Sessão Especial comemorativa do centenário do saudoso João Oliva”, destacou o deputado Iran Barbosa.

Para Luiz Eduardo Oliva, seu pai foi um dos últimos representantes de uma época em que o jornalismo pensava, com profundidade, Sergipe e o desenvolvimento do estado e do povo, com um pensamento crítico e construtivo.

“Meu pai, ao nos deixar há três anos, foi um dos últimos representantes da época de ouro fundante do moderno jornalismo sergipano que pensou o Estado, sua cultura, seu desenvolvimento, com visão crítica aprofundada, não paroquial mas inserindo Sergipe no contexto nacional. Isso se deu no final dos anos 50 e seguintes, sobretudo com a Gazeta de Sergipe de Orlando Dantas, da qual João Oliva fazia parte. É a época também da afirmação do rádio e da implantação da televisão nos anos 1970”, lembra.

Ele destaca, ainda, que na época em que seu pai atuava na imprensa sergipana, o jornalismo confundia-se com a atuação intelectual e com uma visão humanista. Daí João Oliva ser uma das grandes referências do nosso jornalismo sergipano.

“Porque ele pensava as causas sociais, a defesa intransigente da democracia, e a atuação pelo desenvolvimento de Sergipe”, reforça o advogado e professor.

Sobre a iniciativa da Sessão Especial e da outorga da Medalha da Ordem do Mérito Parlamentar pela Alese a João Oliva, Luiz Eduardo agradeceu pela iniciativa do deputado Iran Barbosa e lembrou do passado político do pai.

“Essa Sessão Especial por ocasião do centenário do meu pai também homenageia um ex-parlamentar, já que, mesmo por curto período, João Oliva foi deputado estadual. Ademais é uma honra para a família que a iniciativa tenha sido do deputado Iran Barbosa, um dos mais destacados parlamentares da história legislativa do nosso estado, a quem agradecemos imensamente”, afirmou Eduardo Oliva.

Do Direito ao Jornalismo

João Oliva Alves nasceu em 29 de dezembro de 1922, na cidade de Riachão do Dantas, e faleceu em Aracaju, no dia 3 de julho de 2019. Foi casado com Maria Alves Oliva, com quem teve 10 filhos.

Formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Sergipe, foi aprovado em concurso do Tribunal Regional Eleitoral, mas foi na imprensa que desenvolveu a sua grande paixão pela escrita e pelo jornalismo, tendo atuado como repórter e redator, inicialmente em jornais do interior e, depois, da capital, como na Gazeta de Sergipe e Diário de Aracaju.

Foi, ainda, redator-chefe do Jornal católico A Cruzada e, no radialismo, produziu, apresentou e escreveu crônicas memoráveis para programas da Rádio Cultura de Sergipe, dentre os quais a Grande Entrevista da Semana e Pingo de Fogo.

Em 1952, como suplente de deputado estadual, assumiu a titularidade por curto período, em virtude do afastamento do titular.

Como agente de Estatística do IBGE, foi um dos integrantes da equipe que escreveu a monografia sobre os municípios do Estado de Sergipe, publicada na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros de 1959.

Autor de livros como “’Sobretudo a Imprensa” (2003) e “Mural de Impressões – Personagens, fatos e coisas de Sergipe” (2013), era imortal da Academia Sergipana de Letras e exerceu cargos públicos nos governos de Seixas Dória e Augusto Franco, e foi membro da Associação Sergipana de Imprensa, tendo assumido, em duas oportunidades, a sua presidência, interinamente.

Também foi o primeiro assessor de Relações Públicas da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e um dos que contribuíram para a criação do Festival de Artes de São Cristóvão (Fasc).