Iran Barbosa propôs e a Alese discutiu o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica

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Camila Calaça, o deputado Iran Barbosa e Edinalva Monteiro [Foto: Jadilson Simões/Alese]

Por iniciativa do deputado estadual Iran Barbosa, do PT, a Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese) recebeu a psicóloga Camila Calaça, coordenadora do Grupo de Trabalho ‘Gênero e Diversidade Sexual’ do Conselho Regional de Psicologia; e Edinalva Monteiro, bacharela em Direito e presidenta do Movimento de Lésbicas de Sergipe (MOLS), que fizeram uma exposição sobre ‘O Dia Nacional da Visibilidade Lésbica’, que será celebrado no dia 29 de agosto.

Para o parlamentar, que é membro da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Alese, o debate sobre o tema proposto abre espaço, na Casa do Povo, para uma discussão mais ampla a respeito da realidade das mulheres lésbicas, a fim de se conhecer melhor as pautas e as necessidades dessa parcela da população que precisa de apoio, diante dos preconceitos que sofrem, e de políticas públicas que atendam as demandas da diversidade sexual.

“Agradeço aos colegas parlamentares que aprovaram o Requerimento de minha autoria que permitiu essa discussão. Certamente, se não fosse a pandemia, estaríamos aqui fazendo uma ampla Audiência Pública, aberta ao debate com a população; mas isso ainda não é possível. De sorte que abrimos este espaço para que lideranças do movimento pudessem vir aqui falar sobre o tema e dialogar com os parlamentares presentes, ajudando no processo de compreensão da realidade vivida por esta parcela da sociedade, que sofre muito preconceito, nos ajudando, também, a buscar caminhos para a promoção de políticas públicas que atendam as suas pautas e as suas necessidades enquanto cidadãs”, afirmou o deputado Iran Barbosa.

Iran também registrou que o debate foi provocado a partir de diálogos que a Secretaria LGBT do Partido dos Trabalhadores, que é coordenada por Matheus Pacheco, manteve com o seu mandato, propondo a discussão.

“Agradeço ao companheiro Matheus, que vem desempenhando um belíssimo trabalho à frente da Secretaria LGBT do meu partido e tenho certeza que continuaremos atuando em conjunto em defesa da cidadania LGBTQIA+”, ressaltou o petista.

A presidenta do MOLS, Edinalva Monteiro, agradeceu pelo espaço de fala. Ela fez um breve resgate histórico sobre o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, lembrando que a data surgiu no 1º Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE), que aconteceu em 29 de agosto de 1996, do qual participou, e que nele se discutiu a necessidade de se construir um dia dedicado a dar visibilidade à comunidade lésbica, discutindo as suas especificidades.

“E por que essa necessidade de uma data para dar visibilidade à mulher lésbica na sociedade, dentro do movimento LGBTQI e dentro do movimento feminista? Porque, no Brasil, ainda precisamos avançar muito sobre a temática lésbica e sobre as suas pautas, porque nós temos as nossas especificidades, como as mulheres heterossexuais têm as delas, e essas e outras questões ainda são totalmente invisibilizadas. Por isso, espaços como este são muito importantes”, explicou.

Segundo a presidenta do MOLS, ainda existe muito preconceito a respeito das mulheres lésbicas, existindo, também, muitas pessoas que resumem a lesbianidade à relação sexual entre duas mulheres.

“Essa é uma questão que remonta, inclusive, às pautas das mulheres enquanto movimento feminista, porque bate de frente com as concepções conservadoras e heteronormativas, em que a mulher tem o seu papel preestabelecido pela sociedade e, quando elas se assumem como sujeitos políticos e de direitos, são tidas como ‘anormais’. Essa é uma realidade que nós, lésbicas, enfrentamos todos os dias”, afirmou.

Contra o patriarcado e o machismo

Para a psicóloga Camila Calaça, a luta das mulheres lésbicas está associada às lutas do movimento feminista e contra o machismo. Para ela, falar sobre visibilidade lésbica é de extrema importância para quebrar as barreiras do patriarcado, do machismo e do universo predominantemente masculino que cercam as mulheres desde o nascimento.

“As mulheres nascem e são criadas para a vida privada, para a submissão e para desejarmos um homem. Quando nós, lésbicas, rompemos com isso e passamos a gostar de outras mulheres, entramos num processo que não é fácil e, muitas vezes, passamos por uma vivência de invisibilidade e violência. Portanto, o Dia da Visibilidade Lésbica é um dia para mostrar que existimos, em nossas diversas identidades: feminina, masculina, gorda, preta, candomblecista… Nós estamos em todos os lugares e demandamos”, apontou a psicóloga.

Ainda de acordo com Camila, as demandas específicas reivindicadas pelo movimento lésbico foram apagadas pelo machismo, pela LGBTQIfobia, pelo racismo e outras formas de minorizar a comunidade lésbica, e o movimento luta para ter espaço, voz, vez e políticas públicas.

“É bom destacar que não somos minorias; somos minorizadas, o que passa por um processo de exclusão, violência, de apagamento da identidade, entre outras formas de opressão. E garantir esse espaço para a gente poder vir aqui e poder falar, olhar e dizer que existimos, demonstra muita coragem e sensibilidade desta Casa”, enfatizou, defendendo mais acolhimentos às pautas e às necessidades das mulheres lésbicas como forma, inclusive, de promover saúde pública e cidadania.

Também participaram e contribuíram com o debate os deputados Garibaldi Mendonça (MDB), Goreti Reis (PSD), Maria Mendonça (PSDB), Jeferson Andrade (PSD), Rodrigo Valadares (PTB) e Georgeo Passos (Cidadania).